Gosto de escrever, mas sai sempre merda. E é assim que tem de ser. Difícil de sair e intragável de ler. Não é falsa modéstia, é um facto. Claro que tenho esperança de um dia sair qualquer coisa de jeito. Assim como quando o Levin descobre que ama a Kitty. Não, não estou à procura de pedigree para gostarem de mim. Li o Anna Karenina e adoro. Quem me dera ser como o Tolstói, mas já bastava ser como um escritor de romances de cordel. Daqueles em que não consegues parar de virar as páginas.
Noutro dia aprendi uma lição que já deveria ter aprendido há muito. Para escrever é preciso escrever. Os pormenores da escrita só saem com a escrita. Pensa-se com os dedos. Podemos articular mil pensamentos que parecem lindos na cabeça, mas não aparecem na página exactamente como os imaginámos. É uma merda os pensamentos serem sempre melhores que a escrita. É uma espécie de lição de humildade.
Estou cansado de adiar a escrita. Estava à espera de inspiração, mas a mesma pessoa que me ensinou que para escrever é preciso escrever, disse que a inspiração é a pior inimiga do escritor. Pelo menos foi isso que tirei da frase. Nem a vou reler e vou fingir que foi isso mesmo o sugerido. A inspiração cria uma expectativa. Uma preguiça. Uma justificação. Gosto de escrever, mas o que vai sair vai ser uma merda.
Até o dia em que talvez não.
(nada disto saiu-me da cabeça, saiu-me dos dedos. Acho que posso estar no caminho certo.)
Até o dia em que talvez não.
(nada disto saiu-me da cabeça, saiu-me dos dedos. Acho que posso estar no caminho certo.)
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