Tenho participado de uma brincadeira no Facebook: enumerar uma BD por dia até 2020. Começou há alguns meses, mas só agora dou-me ao trabalho de aqui a reproduzir. Mostro, hoje, as escolhas desta semana, com link na imagem para o texto que escrevi sobre o livro, ou um nhónhózinho, caso ainda não tenha falado dele.

Esta semana temos cinco sugestões para celebrar o filme do Joker (Sem A Piada Mortal do Moore e Bolland, porque essa é tão importante que nem vale a pena chover no molhado) e duas de leitura para todos os gostos e sensibilidades.



O Homem Que Ri de Ed Brubaker e Doug Mahnke - publicado em Portugal pela Levoir. Uma reinvenção do primeiro encontro entre o Batman e o Joker, pela imaginação do contador de histórias noir e policiais, Ed Brubaker, o mesmo de obras como Criminal, Fatale, The Fade Out.
















Joker de Brian Azzarello e Lee Bermejo, publicado em Portugal pela Levoir. Uma visão urbana e realista do Joker pelo escritor do 100 Bullets, com a belíssima arte de Lee Bermejo. Esta edição portuguesa tem o bónus d'A Piada Mortal, o que é sempre óptimo.

















Batman, Cavaleiro Branco de Sean Murphy, publicado em Portugal pela Levoir. Neste mundo alternativo, o Joker foi curado da sua loucura e decide limpar o crime da cidade de Gotham de forma legal. Nesta história, é o Batman que é o inimigo.

















Imperador Joker de Jeph Loeb, Ed McGuiness, Joe Kelly e outros. Esta história do Joker tem várias particularidades. Ela foi publicada nas revistas do Super-Homem, onde um dos maiores adversários do Homem de Aço decide dar os seus poderes quase omnipotentes ao Joker. O que acontece a seguir é o mesmo que ter um Deus louco e caótico como dono da realidade. É uma história épica, divertida e tem um dos melhores momentos da amizade conflituosa entre o Super-Homem e o Batman. Além de que prova, se alguma vez fosse necessário, o tamanho da loucura do Joker e do seu ódio ao Cavaleiro das Trevas.








Batman (vol. 1) #251. Neste número, datado de 1973, o escritor Dennis O’Neil e o desenhador Neal Adams marcavam para sempre o Batman e o Joker. Isto porque devolviam-nos às suas raízes, aquelas dos criadores originais, Bill Finger e Bob Kane. Para sempre foi expulsa a imagem camp e apalhaçada de um série de TV da década de 60. Esta e outras histórias são de tal forma marcantes que influenciaram Frank Miller, 13 anos depois, a escrever as suas duas obras máximas no Batman: O Regresso do Cavaleiro das Trevas e Ano Um.










Undertaker vol. 1 - O Devorador de Ouro de Xavier Dorison e Ralph Meyer, publicado em Portugal pela Arte de Autor.

Estes autores enveredam num estilo que tem bastante sucesso por terras gaulesas: o western. Esta BD vem com o rótulo de "a melhor do estilo depois de Blueberry". Como nunca li este último, não posso comentar (tenho em casa quase todos prontinhos para o fazer mas a prioridade passa antes por Thorgal e por Valérian - westerns não são bem a minha praia). A leitura deste Undertaker é escorreita e interessante.


Acompanhamos um pistoleiro cangalheiro anti-herói, muito ao estilo de vários outros westerns dos EUA. Um homem marcado por um passado sombrio, tão rápido na pistola quanto no sarcasmo. Até aqui nada de novo, mas o enredo que impele à acção do protagonista, envolvendo obviamente um cadáver e o transporte de uma fortuna em ouro, embeleza a narrativa e entusiasma. O desenho lembra Giraud, mas com uma distribuição das vinhetas mais moderna. Em suma, um excelente entretenimento.


Autmunslands de Kurt Busiek e Benjamin Dewey - Esta obra foi uma muito agradável surpresa. Conheço bem o escritor Kurt Busiek pelo seu trabalho na Marvel, na DC e no excelente título Astro City. Contudo, aqui o autor envereda por um caminho a que não estamos habituados. Calcorreamos paisagens e cidades de um mundo místico imaginário, populado por animais antropomorfizados, onde a Magia, o equivalente à electricidade na nossa civilização, encontra-se em risco de esgotar-se e arrastar este universo para o caos. Um conjunto de místicos juntam-se numa derradeira busca para encontrar a salvação. Como já o disse variadíssimas vezes, muitas são as vezes em que a originalidade da premissa (ou falta dela) não é importante. Interessa mais a habilidade dos artistas em entretecer palavras com palavras e palavras com desenhos de modo a construir algo verdadeiramente seu e único. Parece ser o caso deste Autumnlands. Busiek mistura mundos imaginários com religião, intriga palaciana com salvadores predestinados, para criar um enredo entusiasmante e, em todas as esquinas, cheio de mistérios. Este primeiro volume é uma grande vitória. E, já agora, a arte de Benjamin Dewey é de babar.


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