Será este o Fight Club da segunda década do século XXI? Devemos estar a exagerar, de certeza. Mas as conotações, o engajamento, a ideologia, estão lá. Existe um olhar crítico e cínico que incide sobre a actualidade. Nada escapa ao bisturi artístico de Boots Riley, um americano com fortes inclinações de esquerda. Anti-corporativista. Pró-individualista. Humanista. Rejeita, através de uma narrativa inteligente, vibrante e inovadora, o caminho do capitalismo selvagem, do dinheiro como justificação, sem perder objectividade e realismo. Talvez estejamos a falar de um dos mais essenciais filmes deste início do século XXI.
Temos muitas reservas em revelar o que quer que seja acerca deste filme, mas também sabemos que não o vão ver só pelas "bela" prosápia que escrevemos acima. Um jovem de Oakland, Califórnia, EUA, está a rapar o fundo do tacho. Apesar de ter uma namorada apaixonada e acordada em relação às exigências do mundo, não tem dinheiro para sequer pagar a miserenta garagem onde vive. Decide concorrer a um serviço de telemarketing. Apesar de mentir na entrevista, a "iniciativa" que demonstra abre-lhe a porta. Já lá dentro, descobre que, ao utilizar a sua voz de "branco" (sim, ele é afro-americano), consegue atingir e suplantar qualquer objectivo de vendas. Entretanto, movimentos sindicalistas começam a aparecer no seu local de trabalho, em virtude dos salários impostos pelos gestores e donos da empresa. E paramos por aqui - e achamos que já contámos demais. A restante narrativa é uma incursão pelos temas sugeridos pelo enredo acima, mas por muito mais.
Boots Riley demorou anos a preparar a proeza escultural e arquitectural que é o argumento deste seu Sorry To Bother You. Como o próprio refere em entrevista à revista Sight & Sound, esforçou-se por imprimir uma dose de inesquecível em cada sequência do filme. Exigiu a si mesmo que qualquer espectador, quando recordasse esta obra, não tivesse dúvidas de que filme estariam a falar. Esse esforço nota-se nos pequenos e grandes pormenores. Na mera conversa entre dois amigos e nas grandes descobertas e plot-twists que acontecem.
Também a realização é feita com energia contagiante, apropriada ao argumento e à época em que vivemos. Os actores dançam a dança de Riley, sem esquecer um tempo ou um compasso. Desses destacam-se o protagonista Lakeith Stanfield e ainda Tessa Thompson.
Robusto e relevante, este Sorry To Bother You é obrigatório que estreie por cá. Ou melhor, nós achamos que achamos...
Boots Riley demorou anos a preparar a proeza escultural e arquitectural que é o argumento deste seu Sorry To Bother You. Como o próprio refere em entrevista à revista Sight & Sound, esforçou-se por imprimir uma dose de inesquecível em cada sequência do filme. Exigiu a si mesmo que qualquer espectador, quando recordasse esta obra, não tivesse dúvidas de que filme estariam a falar. Esse esforço nota-se nos pequenos e grandes pormenores. Na mera conversa entre dois amigos e nas grandes descobertas e plot-twists que acontecem.
Também a realização é feita com energia contagiante, apropriada ao argumento e à época em que vivemos. Os actores dançam a dança de Riley, sem esquecer um tempo ou um compasso. Desses destacam-se o protagonista Lakeith Stanfield e ainda Tessa Thompson.
Robusto e relevante, este Sorry To Bother You é obrigatório que estreie por cá. Ou melhor, nós achamos que achamos...
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