5000 km por segundo de Manuele Fior - Devir

Um dos nossos livros de BD do ano já tem uns anos. Publicado em 2010, venceu vários prémios, inclusive o de Melhor Álbum Fauve d’Or no Festival de BD de Angoulême de 2011. Demorou a chegar a terras lusas com as palavras de Camões e de Pessoa, mas, como diz o ditado, mais vale tarde do que nunca. Esta aclamada obra veio ajudar a preencher um ano editorial que já tem dado algumas pérolas a todos os que são fãs da nona arte, mas, principalmente, aos que não são.


5000 km por segundo de Manuele Fior é um daqueles cada vez menos raros livros de BD que podem oferecer a quem não lê regularmente esta arte. É uma bela peça de arte e uma fantástica prenda de Natal - agora que ele se aproxima. O tema é intemporal, uma história de amor, mas contada de uma forma sui generis. Fior escolhe acompanhar um jovem casal que se conhece na adolescência. Apaixonam-se, afastam-se e a vida, de uma forma geral, guia-os pelos vários encontros e desencontros que impõe.  Para o relatar, o autor escolhe cinco momentos chave, separados pelo tempo e pelo espaço, para relatar como este amor evolui e molda a felicidade dos dois protagonistas. Já vimos o conteúdo e o formato em outras artes, mas Fior imprime uma cadência, veracidade e simplicidade desconcertantes, que escancaram as portas desta relação aos olhos do leitor.

Por ser unicamente ele quem controla o argumento e o desenho, propicia uma visão unificada e, ao mesmo tempo, livre e arejada. As cores vão evoluindo ao longo dos anos em que acompanhamos os protagonistas. O tom é quase documental e factual, mas não é. A emoção veiculada é forte e sublinhada, reflectindo a coragem, ou a falta dela, em assumir as escolhas que são colocadas à frente de cada um.

Voltamos a dizer, um dos nosso livros favoritos do ano. Imperdível. Pela Devir.

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