The Death of Superman de Jake Castorena e Sam Liu

O ano de 1992 foi palco de um dos mais mediáticos eventos da história da Banda Desenhada: a morte de uma das suas mais famosas personagens, o Super-Homem. Em Portugal foi capa de jornais como o Público e o número 75 da revista homónima, onde o Homem de Aço dá o último suspiro, foi dos comics mais vendidos de sempre (6 milhões de exemplares). À altura, este evento provocou surpresa e estupefacção, já que a DC Comics tinha decidido pôr termo à vida do super-herói original, aquele que vencia e sobrevivia não importassem as circunstâncias. Claro que todos sabiam que os Deuses da Franquia nunca deixariam morrer uma tão importante máquina de fazer dinheiro, mas este acontecimento, seguido do aparecimento de quatro misteriosos substitutos e da inevitável ressurreição do herói, transportaria revistas relativamente banais para o top de vendas.


Os anos seguiram-se e nunca mais este OVNI foi repetido. Os Anos 90 do moribundo século XX vieram e foram e a BD dos EUA viu-se a braços com uma gigantesca crise de vendas e de credibilidade, que quase arrastou para o abismo uma das suas maiores editoras, a Marvel. Mas isso são outras histórias e não é essa que aqui queremos contar. Os anos passaram e o delírio pop que foi a Morte do Super-Homem evoluiu para a categoria de clássico da BD, passando a fazer parte integrante do Historial do herói e tendo já sido adaptado por outras artes. Zack Snyder (spoiler) fez a sua versão em Batman v Superman: Dawn of Justice e existiu já uma primeira tentativa em desenhos animados. Esta nova é mais ambiciosa em escala (serão dois filmes), mas também em qualidade. Partindo de um argumento de um veterano da BD e da DC, Peter Tomasi, os realizadores constroem uma iteração sintetizada de algumas conhecidas histórias do herói, envolvem a Liga da Justiça da versão cinematográfica (ou quase), abordam a história de amor com Lois Lane, tudo para criar uma versão entretida e profunda q.b. de um dos mais famosos eventos da História da BD.

Peter Tomasi é, sem duvida, o elemento desta adaptação que mais importa valorizar. Não só constrói um enredo capaz de agradar aos mais ferrenhos fãs da DC, como consegue simplificar relações e conceitos para os menos versados nestas andanças. Percebemos sem complicações quem é Lois Lane para o herói, quem é ele para o mundo e aliados, percebemos o papel acerebral do vilão Doomsday e mesmo de Lex Luthor, o inusitado anti-herói (ou será antes anti-vilão?). Tudo compactado de forma eficiente e escorreita, ao longo de quase uma hora e vinte minutos de puro entretenimento descomplexado. 

Depois de Batman & Harley Quinn (que falamos aqui) a DC continua a provar que tem dos melhores desenhos animados "jovem adulto" do mercado.

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