Parece impossível, mas a "saga" da Missão Impossível de Tom Cruise (sim, porque esta é uma franquia dele) começou há 22 anos. É um testemunho da resiliência dele, da nossa e da fórmula cinematográfica que, passadas estas quase duas décadas e meia, continuamos a querer ver numa sala de cinema. Nesse tempo, assistimos ao muito aguardado ascender dos todo-poderosos super-heróis, que passaram de produto da cultura popular de franja para dominadores do Box Office mundial. Assistimos ao que a imagem gerada pelo computador possibilita: espectáculos cada vez mais impossíveis para a física humana e, vamos ser honestos, para a Física tout court. Não deixa de ser irónico que, mesmo com esse epíteto de impossível, Tom Cruise e pandilha façam um filme destes: ultra-divertido e dentro da escala do humano.
Faz parte da máquina de marketing que Cruise quisesse, ele próprio, fazer todas as acrobacias deste sexto filme da franquia (e são muitas). Ele salta de pára-quedas, ele pilota um helicóptero (que aprendeu a conduzir nos últimos dois anos), ele conduz freneticamente uma mota pela ruas stressantes de Paris. Este é um filme de acção e pouco enredo e não se esforça para o esconder. Diverte durante duas horas e meia graças às explosões de adrenalina, de violência coreografada, de proezas que até o mais dotado dos atletas teria dificuldade em conseguir realizar. E Cruise fá-las todas, sem se notar o esforço dos seus impressionantes 56 anos. É esta a mais-valia deste Missão Impossível, um filme que parece, curiosamente, anacrónico, nestes dias de imagem manipulada pelos efeitos especiais, de seres maiores que a vida a emitir raios de energia pelos olhos e a voar. É um refrescante regresso ao efeito prático e à presença da figura humana real na película de acção desmesurada.
Há 22 anos, este Missão Impossível recorria a grandes nomes da realização como Brian De Palma e John Woo para dar corpo e identidade à franquia. Christopher McQuarrie é um sucessor menos dotado, mas ainda assim adaptado ao que lhe é exigido e parece estar, aos poucos, a ganhar mão. As suas credenciais de escritor em filmes como Edge of Tomorrow ou Jack Reacher (sempre com o companheiro Tom Cruise) parecem ter-lhe aberto o apetite e sensibilidade. Neste Fallout está no caminho certo.
Finalmente, os restantes actores (e são muitos e conhecidos) auxiliam o caminho do Ethan Hunt de Cruise de forma por vezes meramente presencial, outra como dignos coadjuvantes. Destaca-se Henry Cavill que não só é o melhor Super-Homem de sempre como está a afirmar-se como um actor de acção digno de nota. Em Fallout ele é uma explosão em andamento.
Venham os próximos 22 anos porque continuamos a estar prontos para filmes de acção mais "reais".
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