Avengers Infinity War (Vingadores: Guerra do Infinito) dos Irmãos Russo


O que começa tem de acabar. O primeiro grande arco de história do universo cinematográfico da Marvel chega ao fim neste Vingadores: Guerra do Infinito. O vilão, que apareceu, pela primeira vez, misterioso, no final do primeiro filme deste grupo de heróis, e depois em mais alguns momentos escolhidos, finalmente é revelado em toda a sua magnífica e terrível presença. Thanos, o titã louco, irá tentar reunir todas as seis jóias do infinito, objectos omnipotentes e omniscientes, e transformar-se em Deus. E, com isso, dizimar metade da vida consciente do universo.

Repararam que não fiz alusão aos personagens titulares? Os Vingadores são, claro, os heróis, mas é Thanos a estrela do filme, é dele a motivação e a tragédia, é ele o motor e o objectivo da narrativa. Depois de Loki, depois de Killmonger, a Marvel apresenta um novo vilão digno desse nome. Thanos é multifacetado e tridimensional. Thanos é compelido por uma missão terrível e de racionalidade abjecta. Thanos não é uma colecção de diálogos generalistas de demonstração de poder e sobranceria, mas antes o reflexo de uma personalidade complicada e capaz, até mesmo, de amar. Thanos é um dos melhores antagonistas da cultura pop, transformado em realidade pela magia da 7.ª Arte. Digo-o aqui já: Darth Vader tem um rival na História do Cinema.

Um filme desta envergadura, complexidade e expectativa poderia ter corrido muito mal. O número de personagens é gigantesco, as interacções múltiplas, a luta por atenção feroz e o enredo pesado. Contudo, depois de passarmos 11 anos a conhecer estas versões cinematográficas dos super-heróis da Marvel, estamos mais do que preparados para os absorver sem grandes explicações e com total familiaridade. A editora/produtora dos EUA fez um extraordinário trabalho de construir um universo coerente, de entretenimento e puro abandono. Entramos nesta geografia cósmica com os olhos de quem quer esquecer-se do real e mergulhar na fantasia.

Obviamente que a realização não é de autor, nem pretende ser. O espaço é todo dado ao enredo, à história e às personagens. É através delas que absorvemos a fantasia escabrosa que é o universo dos super-heróis, maior que a vida e de uma escala quase divina. A assinatura do estilo Marvel está em todo o lado e principalmente na picardia entre as diferentes personalidades (egos?), uma das marcas de água da editora, quando foi criada por Stan Lee, Jack Kirby e Steve Ditko na década de 60. Estes heróis não  têm de, necessariamente, dar-se bem. Existem confrontos de personalidade a cada virar de esquina espacial. E assim é que tem graça.

O divertimento cinematográfico de super-heróis não está morto, bem pelo contrário, muito para o desapontamento de alguns críticos, realizadores e afins. 

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