Há quem diga que os floppies americanos estão a morrer (panfletos, como lhes chama um amigo; comics, como todos os conhecem). Eu cá espero que não porque adoro agarrá-los e devorá-los! É prazer que rezo para nunca acabar. Assim sendo, de vez em quando, vou escrever umas breves palavras sobre alguns que gostei de ler. Só isso. Gostado! Não são melhores nem piores que outras coisas.
Amazing Spider-Man número 797 de Dan Slott e Stuart Immonen (Marvel)
(com spoilers de números anteriores)
É por causa do Homem-Aranha que estou aqui. É por causa dele que escrevo sobre BD. É por causa dele que amo BD.
Começou há quase 40 anos e não parou desde então. O meu apego à personagem é grande e é sempre com um peso no coração (que não deveria existir porque estamos a falar de alguém que não é real) que vejo quando os autores o desviam da essência do que eu acho que é uma história do Trepador de Paredes. Eu acompanhei a histórica sequência do escritor Dan Slott desde o seu começo, há 10 anos atrás. Parei quando decidiu transformar Peter Parker num CEO de sucesso, dono de uma empresa multinacional. Se calhar não deveria ter abandonado, mas tentei regressar pelo menos uma vez e as narrativas não me entusiasmaram (no fundo era só isso e existem tantas outras onde gastar dinheiro). Entretanto, aproxima-se o fim do trabalho de Slott no Aranha - irá acontecer no número 800 da revista Amazing Spider-Man (que leio desde o 157, versão portuguesa). Soube que Peter Parker já não era um CEO, que voltou a ter problemas de dinheiro e que o seu pior inimigo, Norman Osborn, fundiu-se com o maior psicopata da galeria de vilões do herói: Carnage. O meu interesse foi espicaçado para esta última grande celebração de Slott chamada Go Down Swinging, composta por quatro partes e que aparenta ser um clássico instantâneo.
Slott toca na perfeição todas as notas que escrevem uma boa história do Homem-Aranha. Uma ameaça, pessoal, tenebrosa e poderosa, espera nas sombras para cair sobre o seu mundo e sobre as pessoas que ama. Essa ameaça é Norman Orborn e Carnage, juntos numa entidade chamada Red Goblin. Sabemos que alguém poderá morrer no final destes quatro capítulos e a tensão desse medo é palpável. Sabemos que a resiliência de Peter Parker o ajudará, mas a tragédia é sempre uma constante espada de Damocles sobre a sua cabeça. Que mais é que o mundo colocará no seu caminho, depois de já tanta desgraça? Será que poderemos esperar por um pequeno, minúsculo, final feliz? Neste momento, é impossível saber. Apesar de as histórias de super-heróis serem conhecidas pela morte não ser definitiva, ainda assim somos arrastados pela tensão.
É com antecipação que leio esta última história de Slott (ou penúltima, já que haverá ainda uma no número 801). É com antecipação que quero que seja uma merecedora coda.
Savage Dragon número 232 de Erik Larsen (Image)
Provavelmente, um dia, Savage Dragon (SD) será a mais longa sequência de histórias de BD escritas e desenhadas de forma ininterrupta pelo mesmo autor. Esse título (penso) cabe a Dave Sim com o seu Cerebus, que durou 300 números. SD não pretende atingir os níveis de intelectualismo (ou pedantismo, por vezes confundem-se) que esta última obra independente assumiu querer. Larsen deseja apenas uma BD entretida, hiperbólica, com muitas mamas, sexo, acção super-heroísta escabrosa e twists a torto e a direito. O estilo é o mesmo desde a primeira página do primeiro número da mini-série original e, fora um decréscimo de detalhe no desenho, assim tem sido há mais de 25 anos.
Um dos pormenores interessantes é que 25 anos no nosso mundo são também 25 anos na BD. As personagens envelheceram, casaram, tiveram filhos. Os filhos casaram e tiveram eles também filhos. No meio disso tudo existem os vilões e, ao contrário do que é costumeiro nos super-heróis, a morte tem o péssimo hábito de ser definitiva. Existe o "perigo real" de o leitor afeiçoar-se a uma personagem que Larsen, num assomo de fúria, mata no segundo a seguir - literalmente, já que a velocidade, crueza e surpresa dos acontecimentos é uma das marcas do seu SD. Convém vir preparado com um desfibrilador.
Neste número 232 continuamos a oscilar entre cenas da vida conjugal do filho do Dragon original, ele próprio com mulher e três filhos a viver em Toronto, uma dimensão paralela onde acompanhamos a mãe deste filho, agora uma vilã, e mais uns enredos paralelos. Tudo feito com a assinatura narrativa que descrevi acima. Tudo feito de forma divertida, descontraída e de leitura rápida (talvez rápida demais, isto será melhor em TPB). Em suma, uns cinco minutos bem passados ao custo de 3,99 dólares (pouco menos de 5€ numa loja portuguesa). A história acaba com dois twists interessantes que só fazem desejar pelo próximo mês. A ver onde isto vai dar!
Savage Dragon número 232 de Erik Larsen (Image)
Provavelmente, um dia, Savage Dragon (SD) será a mais longa sequência de histórias de BD escritas e desenhadas de forma ininterrupta pelo mesmo autor. Esse título (penso) cabe a Dave Sim com o seu Cerebus, que durou 300 números. SD não pretende atingir os níveis de intelectualismo (ou pedantismo, por vezes confundem-se) que esta última obra independente assumiu querer. Larsen deseja apenas uma BD entretida, hiperbólica, com muitas mamas, sexo, acção super-heroísta escabrosa e twists a torto e a direito. O estilo é o mesmo desde a primeira página do primeiro número da mini-série original e, fora um decréscimo de detalhe no desenho, assim tem sido há mais de 25 anos.
Um dos pormenores interessantes é que 25 anos no nosso mundo são também 25 anos na BD. As personagens envelheceram, casaram, tiveram filhos. Os filhos casaram e tiveram eles também filhos. No meio disso tudo existem os vilões e, ao contrário do que é costumeiro nos super-heróis, a morte tem o péssimo hábito de ser definitiva. Existe o "perigo real" de o leitor afeiçoar-se a uma personagem que Larsen, num assomo de fúria, mata no segundo a seguir - literalmente, já que a velocidade, crueza e surpresa dos acontecimentos é uma das marcas do seu SD. Convém vir preparado com um desfibrilador.
Neste número 232 continuamos a oscilar entre cenas da vida conjugal do filho do Dragon original, ele próprio com mulher e três filhos a viver em Toronto, uma dimensão paralela onde acompanhamos a mãe deste filho, agora uma vilã, e mais uns enredos paralelos. Tudo feito com a assinatura narrativa que descrevi acima. Tudo feito de forma divertida, descontraída e de leitura rápida (talvez rápida demais, isto será melhor em TPB). Em suma, uns cinco minutos bem passados ao custo de 3,99 dólares (pouco menos de 5€ numa loja portuguesa). A história acaba com dois twists interessantes que só fazem desejar pelo próximo mês. A ver onde isto vai dar!
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