Há quem diga que os floppies americanos estão a morrer (panfletos, como lhes chama um amigo; comics, como todos os conhecem). Eu cá espero que não porque adoro agarrá-los e devorá-los! É prazer que rezo para nunca acabar. Assim sendo, de vez em quando, vou escrever umas breves palavras sobre alguns que gostei de ler. Só isso. Gostado! Não são melhores nem piores que outras coisas.
Brave And The Bold Batman And Wonder Woman número 1 de Liam Sharp (DC Comics)
Liam Sharp foi o desenhista responsável por metade das histórias mais recentes que Greg Rucka escreveu para a Mulher-Maravilha. Veterano do lápis e tinta da china (perdoem a minha ignorância no mundo do desenho), decide tentar a sua sorte (não sei se pela primeira vez) na arte da escrita. A DC Comics tem recentemente arriscado mini-séries com Diana como co-protagonista. Uma primeira junto com o conhecido Conan, O Bárbaro (comprem, porque vale a pena) e agora com o ainda mais conhecido Batman, o seu companheiro de armas na Liga da Justiça.
No que respeita à escrita, Liam vai soberbo, conseguindo equilíbrio entre a exposição necessária para trazer o leitor para dentro do mundo fantástico do Folclore Irlandês (peça central da história), e momentos mais intimistas, principalmente com a super-heroína. Para quem leu a sua colaboração com Rucka, este primeiro número representa uma pequena recompensa. A primeira cena com Diana é poderosa a reveladora do amor do desenhista à personagem mas também da imagem que ela representa dentro do mundo fictício da DC. O Batman aparece parcimoniosamente, mas o suficiente para revelar o controlo que Sharp tem sobre a sua personalidade.
Finalmente, no que respeita à arte, o autor excede-se, entregando uma BD francamente bela e bem estruturada. O seu traço é particularmente apropriado ao mundo de Fadas da mitologia irlandesa e cada página merece ser um poster - mas sem perder um átomo do storytelling. A continuar assim teremos em mãos uma das minhas BDs favoritas do ano (e não só porque tem a Diana como co-protagonista). Já agora, Sharp continua a desenhar uma das mais expressivas e bonitas interpretações de Diana, ao ponto de eu, como fã, ter dificuldade em não a considerar como uma favorita (ao lado da de George Pèrez).
Defenders (2017) número 10 de Brian Michael Bendis e David Marquez (Marvel)
Chega ao fim a Era Bendis da Marvel. Depois de 17 anos de uma produção polémica mas profícua, um dos mais importantes escritores a trabalhar na auto-professa Casa das Ideias muda-se para a Distinta Concorrência (DC, para os que não estão dentro destes acrónimos). Ficou conhecido pelo trabalho em várias personagens, mas em nenhuma mais do que nos conhecidos como street-level heroes. O Demolidor. Luke Cage. Jessica Jones (que co-criou). Homem-Aranha. É, portanto, apropriado, que termine com este Defenders, que reúne na mesma equipa os três primeiros mais o Punho de Ferro (que escreveu nos Vingadores). E, mais ainda, junto com o desenhista David Marquez, com quem tinha previamente trabalhado em Miles Morales e em Civil War II.
Como já referi em posts anteriores, Bendis não poderia acabar a sua prestação na Marvel de melhor forma. Defenders é das obras mais conseguidas do autor, ombreando com trabalhos como o Demolidor (talvez o seu ponto alto), Ultimate Spider-Man e New Avengers (os meus três favoritos). Parece que Bendis tirou da cartola mais um conjunto de ferramentas de storytelling para impressionar os detractores e os fãs. "Eu ainda sou capaz de vos surpreender pela qualidade, estão a ver?!". Quem gosta do seu trabalho, apesar de saber que ele ainda tinha muito para dar, não esperava que a qualidade da sua escrita ainda pudesse brilhar tanto, mesmo empregando muitos dos seus cartões de visita: a verborreia; os plot-twists; a reinterpretação de velhos vilões e de antigos heróis; o baralhar de geografias e conceitos do universo da Marvel. Bendis brilha em cada página e em cada frase destes 10 números dos Defenders 2017, defendendo o seu legado sem egoísmos, dizendo um sentido adeus e deixando a página aberta aos que se seguem.
Mas nenhum elogio aos Defenders pode estar completo sem falar de David Marquez, um dos seus recentes colaboradores e que nestes 10 números brilhou como nunca. Cada rosto é único, cada cena de acção coreografada de forma belíssima, cada enquadramento apropriado.
Bendis diz adeus e eu sigo-o para o Super-Homem. Até mais logo, Marvel.
Liam Sharp foi o desenhista responsável por metade das histórias mais recentes que Greg Rucka escreveu para a Mulher-Maravilha. Veterano do lápis e tinta da china (perdoem a minha ignorância no mundo do desenho), decide tentar a sua sorte (não sei se pela primeira vez) na arte da escrita. A DC Comics tem recentemente arriscado mini-séries com Diana como co-protagonista. Uma primeira junto com o conhecido Conan, O Bárbaro (comprem, porque vale a pena) e agora com o ainda mais conhecido Batman, o seu companheiro de armas na Liga da Justiça.
No que respeita à escrita, Liam vai soberbo, conseguindo equilíbrio entre a exposição necessária para trazer o leitor para dentro do mundo fantástico do Folclore Irlandês (peça central da história), e momentos mais intimistas, principalmente com a super-heroína. Para quem leu a sua colaboração com Rucka, este primeiro número representa uma pequena recompensa. A primeira cena com Diana é poderosa a reveladora do amor do desenhista à personagem mas também da imagem que ela representa dentro do mundo fictício da DC. O Batman aparece parcimoniosamente, mas o suficiente para revelar o controlo que Sharp tem sobre a sua personalidade.
Finalmente, no que respeita à arte, o autor excede-se, entregando uma BD francamente bela e bem estruturada. O seu traço é particularmente apropriado ao mundo de Fadas da mitologia irlandesa e cada página merece ser um poster - mas sem perder um átomo do storytelling. A continuar assim teremos em mãos uma das minhas BDs favoritas do ano (e não só porque tem a Diana como co-protagonista). Já agora, Sharp continua a desenhar uma das mais expressivas e bonitas interpretações de Diana, ao ponto de eu, como fã, ter dificuldade em não a considerar como uma favorita (ao lado da de George Pèrez).
Defenders (2017) número 10 de Brian Michael Bendis e David Marquez (Marvel)
Chega ao fim a Era Bendis da Marvel. Depois de 17 anos de uma produção polémica mas profícua, um dos mais importantes escritores a trabalhar na auto-professa Casa das Ideias muda-se para a Distinta Concorrência (DC, para os que não estão dentro destes acrónimos). Ficou conhecido pelo trabalho em várias personagens, mas em nenhuma mais do que nos conhecidos como street-level heroes. O Demolidor. Luke Cage. Jessica Jones (que co-criou). Homem-Aranha. É, portanto, apropriado, que termine com este Defenders, que reúne na mesma equipa os três primeiros mais o Punho de Ferro (que escreveu nos Vingadores). E, mais ainda, junto com o desenhista David Marquez, com quem tinha previamente trabalhado em Miles Morales e em Civil War II.
Como já referi em posts anteriores, Bendis não poderia acabar a sua prestação na Marvel de melhor forma. Defenders é das obras mais conseguidas do autor, ombreando com trabalhos como o Demolidor (talvez o seu ponto alto), Ultimate Spider-Man e New Avengers (os meus três favoritos). Parece que Bendis tirou da cartola mais um conjunto de ferramentas de storytelling para impressionar os detractores e os fãs. "Eu ainda sou capaz de vos surpreender pela qualidade, estão a ver?!". Quem gosta do seu trabalho, apesar de saber que ele ainda tinha muito para dar, não esperava que a qualidade da sua escrita ainda pudesse brilhar tanto, mesmo empregando muitos dos seus cartões de visita: a verborreia; os plot-twists; a reinterpretação de velhos vilões e de antigos heróis; o baralhar de geografias e conceitos do universo da Marvel. Bendis brilha em cada página e em cada frase destes 10 números dos Defenders 2017, defendendo o seu legado sem egoísmos, dizendo um sentido adeus e deixando a página aberta aos que se seguem.
Mas nenhum elogio aos Defenders pode estar completo sem falar de David Marquez, um dos seus recentes colaboradores e que nestes 10 números brilhou como nunca. Cada rosto é único, cada cena de acção coreografada de forma belíssima, cada enquadramento apropriado.
Bendis diz adeus e eu sigo-o para o Super-Homem. Até mais logo, Marvel.
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