Uma BD aqui, outra BD ali, 5

Há quem diga que os floppies americanos estão a morrer (panfletos, como lhes chama um amigo; comics, como todos os conhecem). Eu cá espero que não porque adoro agarrá-los e devorá-los! É prazer que rezo para nunca acabar. Assim sendo, de vez em quando, vou escrever umas breves palavras sobre alguns que gostei de ler. Só isso. Gostado! Não são melhores nem piores que outras coisas.

Detective Comics números 969 a 971 de James Tynion IV, Joe Bennet e  Miguel Mendonça (DC Comics)

A revista que viu nascer o Batman continua a sua caminhada inexorável para o número 1000. James Tynion IV, desde o início do evento DC Rebirth, tem tomado as rédeas da escrita, focado-se não apenas no Cavaleiro das Trevas mas também, e essencialmente, nos seus ajudantes: Red Robin; Batwoman; Cassie Cain; Spoiler; Azrael; Batwing; Clayface. Formam uma equipa paramilitar com o óbvio intuito de trazer paz, lei e ordem às ruas caóticas da cidade mais criminosa do universo DC, Gotham City. Isto a despeito das forças democráticas de segurança. Ora é sobre este tema que parece focar-se a história incluída nestes números e que, conjuntamente, são três capítulos de uma saga apelidada de The Fall of the Batmen. O objectivo da história pode estar no título mas raramente assim o é.

Tynion aparenta escrever o culminar de enredos que começou na primeira página da sua sequência em Detective Comics. Muitas das personagens e eventos estão a confluir paraum final - nem que seja porque estamos a aproximar-nos do número 975, um marco sempre importante. A escrita é cativante, palavrosa (ao contrário de muitos comics os dele demoram a ler, graças a deus) e tem-se feito acompanhar de um conjunto de talentosos desenhistas. Este mês os portugueses têm o bónus, ao ver a arte de um conterrâneo seu, Miguel Mendonça, que já tinha agraciado as páginas dos últimos números da Mulher-Maravilha, versão Novos 52. A qualidade do trabalho continua a crescer a olhos vistos. É com enorme orgulho que vemos alguém tão talentoso da nossa pátria a trabalhar em ícones tão gigantes da cultura pop internacional. E o facto de estar a contribuir para uma das mais interessantes sequências de histórias da história recente do Batman é (quase) só um bónus.

X-Men - The Grand Design número 2 de Ed Piskor (Marvel)


Neste link escrevi sobre o primeiro número desta nova mini-série da Marvel com enfoque nos X-Men. O autor independente Ed Piskor tem por objectivo contar a história dos primeiros 300 números da revista Uncanny X-Men, um dos períodos mais marcantes do worldbuilding nos super-heróis dos EUA. Com este segundo número fecha uma das fases, comummente conhecida como a dos X-Men Originais. Logo a seguir viria a fase mais emblemática, a dos Novos X-Men, escrita maioritariamente por Chris Claremont e protagonizada por Wolverine, Tempestade, Nocturno, Kitty Pryde, Fênix, etc.

O objectivo de Piskor torna-se perfeitamente claro com este segundo número - que fecha a primeira de várias séries planeadas. O autor unifica toda(s) a(s) história(s), agregando-as sob o chapéu de algumas macro-histórias, nomeadamente as da perseguição dos mutantes por um cabal global e da reencarnação da entidade Fênix. Quem lê The Grand Design fica exactamente com essa sensação: de que sempre existiu um plano superior para toda a mitologia dos X-Men. Todos os enredos, todas as personagens, de forma directa ou indirecta, mais ou menos retorcida, contribuíram para um arco de história que ocupou mais de trinta anos. Piskor faz um trabalho quase documental mas cativante. Leitores velhos e novos ficarão agarrados a cada página. Para os primeiros readquire-se algum do lustro e mesmo da surpresa. Para os novos um deslumbramento de olhos inocentes. 

Agora espera-se pela segunda mini-série lá para os finais de 2018.

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