O filme de actor. Um lugar-comum na altura em que os Óscares aproximam-se. Prestações tão fortes que condicionam a apreciação de um filme. Tão sublinhadas que podem mesmo eclipsar o trabalho do realizador. É o caso destes dois filmes: A Hora mais Negra de Joe Wright com Gary Oldman no papel de Churchill; Uma Mulher Não Chora de Fatih Akin com Diane Kruger como protagonista.
São duas obras bastante diferentes. Uma é um drama histórico, de uma época que marcou a História da Humanidade, outro um drama familiar, com uma mulher a perder tudo a que dá importância e a tentar recuperar dessa perda. São, sem dúvida, duas poderosas prestações de ambos os actores, tendo já sido galardoados com vários prémios. A entrega de Oldman é total, alterando-se fisicamente (como a Academia de Hollywood tanto gosta). A sua transformação é de tal forma arrebatadora que o realizador vê-se forçado a ofuscar a presença e deixar toda a força do actor impor-se em cada enquadramento. Da mesma forma, a tragédia da personagem de Kruger e a reacção à mesma não deixam margem para outros intervenientes. Ela controla a narrativa. O olhar da actriz é a força motriz da história.
Como acontece repetidas vezes neste tipo de filmes, a obra fica-se por aí. Um tour de force do actor e pouco mais. São filmes tecnicamente bem executados mas sem chama de inovação e com pouca presença da assinatura do realizador, tirando um ou outro apontamento. Quanto à narrativa, no caso da Hora Mais Negra, é sobejamente conhecida, e este filme funciona como um interessante complemento ao Dunkirk de Christopher Nolan - até poderão vender um pack conjunto para os apreciadores do género e da época. No que diz respeito a Uma Mulher Não Chora, a história é poderosa e socialmente impactante mas desenvolve-se de forma mais ou menos linear e sem rasgos de surpresa.
Dois filmes interessantes pelo trabalho de ambos os actores mas pouco mais que isso.
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