(Como na Música, como na Literatura, no Cinema existem inúmeras obras a serem realizadas e lançadas. Algumas saem no circuito comercial português, outras apenas em festivais. Muitas nem em um, nem em outro. A maior parte talvez devesse ter ficado na imaginação dos autores. Outras mereceriam um destino melhor)
Vou fazer uma confissão: adoro um bom malabarismo técnico. Quando leio que um filme tem o maior take contínuo da História do Cinema e que, ainda por cima, essas duas horas e um quarto são filmadas em tempo real, o meu lado geek da 7.ª Arte fica muito, muito entusiasmado. Foi desta forma que foi-me apresentado Victoria do alemão Sebastian Schipper. Um impressionante esforço em filmar, num plano contínuo, duas horas e um quarto de uma jovem espanhola na noite Berlinense. Numa discoteca, Victoria conhece um quarteto de residentes. Estes acabarão por transformar a noite da madrilena na mais incomum da sua vida.
Vou fazer uma confissão: adoro um bom malabarismo técnico. Quando leio que um filme tem o maior take contínuo da História do Cinema e que, ainda por cima, essas duas horas e um quarto são filmadas em tempo real, o meu lado geek da 7.ª Arte fica muito, muito entusiasmado. Foi desta forma que foi-me apresentado Victoria do alemão Sebastian Schipper. Um impressionante esforço em filmar, num plano contínuo, duas horas e um quarto de uma jovem espanhola na noite Berlinense. Numa discoteca, Victoria conhece um quarteto de residentes. Estes acabarão por transformar a noite da madrilena na mais incomum da sua vida.
É improvável não ficar impressionado pela força da técnica empregue. Claro que não é algo novo no Cinema. Muitos são os realizadores que já o fizeram e com resultados (acredito) mais impressionantes - ainda estou por ver A Arca Russa de Aleksandr Sokurov e não me esqueço de Antes do Anoitecer de Richard Linklater, outro realizador que adora malabarismos técnico-narrativos. Mas este, perdoem-me o entusiasmo infantil, é o maior take contínuo da História do Cinema. A curiosidade foi grande demais para não deixar-me levar por ela.
Há algo que o realizador consegue: o take acontece sem esforço, ou seja, o espectador não se sente assoberbado pela técnica. Ela é empregue de forma "leve". A câmara acompanha os actores sem parecer estar a filmar um único take. Os actores (que recorreram muito a improvisação) conseguem, de forma natural, contar as emoções e o enredo. Todos estão excelentes na entrega ao filme, especialmente a espanhola Laia Costa, que carrega quase todo a história de forma decidida.
Contudo, nem tudo são maravilhas. Em alguns momentos do filme nota-se o arrastar da acção, quase como devessem ter cortado alguns minutos. Mas não é algo que choque ou enfade. Ainda assim, a meu ver, a maior falha acontece também numa das suas maiores forças: a protagonista, Victoria. As motivações da personagem parecem demasiadamente vagas, poucos sólidas, insuficientes para justificar algumas das acções extremas que decide fazer nas apenas duas horas em que conhece os quatro berlinenses com que se envolve. Ou então sou eu que tive um vida bem enfadonha e sem graça.
Será que vai estrear em Portugal? Tanto quanto é do meu conhecimento não está prevista a estreia em salas comerciais e, até agora, nenhum festival também o anunciou. O que, claro, é ainda muito cedo. Talvez o possamos ainda ver num Indie ou MotelX. É só uma questão de ter esperança porque nem que seja porque é "o maior take da História do Cinema" (sim, é a terceira vez que o digo, eu sei), só por isso já valerá a pena.
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