Muitos dos amantes de BD da minha geração recordam-se com mais do que mero afecto as revistas em formato pequeno que a Editora Abril, brasileira, começou a distribuir em Portugal em 1982 (salvo erro). A início eram duas: Capitão América e Heróis da TV. Ambas foram um salto quântico na quantidade (e qualidade) dos heróis da Marvel no nosso país. De repente, para mim em particular, deixei de ter apenas acesso ao Homem-Aranha e ao Hulk, para poder também ler o Capitão América, o Conan, os Vingadores, Warlock, Shang-Chi e o Punho-de-Ferro. O primeiro contacto com este personagem dificilmente poderia ser melhor. Na revista do Capitão América número 40 publicam o número três da edição original, Iron Fist. Em subsequentes publicações desta revista brasileira continuam as aventuras de Danny Rand (o nome verdadeiro do herói), Misty Knight e Colleen Wing, até que são transferidos para o Heróis da TV, no número 49 desta. Desculpem o entusiasmo mas estes são momentos que guardo com especial carinho. Todo esse carinho deve-se à idade, certo, mas também ao trabalho de dois autores que desconhecia na altura, mas de quem reconheci o talento, mesmo que de forma subconsciente: Chris Claremont na escrita e John Byrne no desenho. Estes senhores foram os responsáveis por uma das maiores revoluções da Marvel da década de 70 e mesmo da BD dos EUA, quando pegaram em mãos as vidas dos mutantes mais famosos do mundo, os X-Men (aliás, o facto de serem os mais famosos a estes senhores quase exclusivamente se deve). Mas antes dos X-Men houve Iron Fist.
Este volume da fabulosa Epic Collection da Marvel era dos mais aguardados desta colecção. Finalmente poderia ler, no formato e palavras originais, as aventuras do herói vindo da misteriosa terra de Kun Lun, mestre em artes marciais e dotado do poder do punho de ferro. Este volume da Epic Collection compila todos os números a solo do herói (e mais uma coisinhas) antes de se juntar a Luke Cage noutra mítica revista (com raras publicações em Portugal), Power Man & Iron Fist. A história de Danny Rand pode (e deve) ser dividida entre o antes-CC JB (Chris Claremont e John Byrne) e o pós-CC JB. As aventuras antes-CC JB são, muito sinceramente e aqui que ninguém nos ouve, para esquecer. O primeiro número, de Roy Thomas e Gil Kane, terá o valor da originalidade mas os talentos que se seguem, não sei se por culpa deles, dos editores ou da pressa, não envelheceram bem de forma alguma (se é que alguma vez tiveram boa forma). Eis que chega a era CC JB onde a qualidade cresce, a principio de forma tímida mas depois assumida. Depressa se notam um conjunto de assinaturas interessantes de, por exemplo, Claremont. As mulheres à volta de Danny Rand passam a ser tão relevantes quanto o herói, não damas em perigo mas antes companheiras e, por vezes, salvadoras do personagem principal. Os poderes do punho de ferro são explorados de forma mais pormenorizada, expandido-os. Os confrontos com os vilões são analisados de forma mais complexa, com ligações pessoais e histórias paralelas sólidas. O passado do herói é escalpelizado com o regresso de ameaças que não tinham sido reveladas na origem inicial.
Infelizmente, mesmo os talentos e CC e JB não foram suficientes para salvar o Punho de Ferro e a revista foi cancelada no número 15. Os autores teriam mesmo de acabar alguns dos enredos noutra revista onde colaboravam, a Marvel Team-Up, onde Danny Rand tem um encontro obrigatório com o famoso Homem-Aranha. Com certeza já terei lido numa Back Issue da vida as razões por detrás deste cancelamento. Independentemente disso tudo, a leitura destes números de CC e JB provam que o talento verdadeiro envelhece bem. Um axioma que as duas grandes editoras de BD dos EUA têm muitas vezes dificuldade em perceber. Estão mais maduras do que na década de 70, quando tiravam de circulação trabalhos como este ou o de Jim Starlin em Warlock, mas ainda há caminho a percorrer. Ainda assim, ficamos com este Punho de Ferro e, isso, terá de ser suficiente.
Infelizmente, mesmo os talentos e CC e JB não foram suficientes para salvar o Punho de Ferro e a revista foi cancelada no número 15. Os autores teriam mesmo de acabar alguns dos enredos noutra revista onde colaboravam, a Marvel Team-Up, onde Danny Rand tem um encontro obrigatório com o famoso Homem-Aranha. Com certeza já terei lido numa Back Issue da vida as razões por detrás deste cancelamento. Independentemente disso tudo, a leitura destes números de CC e JB provam que o talento verdadeiro envelhece bem. Um axioma que as duas grandes editoras de BD dos EUA têm muitas vezes dificuldade em perceber. Estão mais maduras do que na década de 70, quando tiravam de circulação trabalhos como este ou o de Jim Starlin em Warlock, mas ainda há caminho a percorrer. Ainda assim, ficamos com este Punho de Ferro e, isso, terá de ser suficiente.
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