O realizador Luc Besson não é novo no estilo ação e ficção científica. Dois filmes de que gosto muito, Leon e O Quinto Elemento, são da sua autoria. Também sou fã de Scarlett Johansson, por razões que passam pelas óbvias e pelas menos óbvias. Escusado será dizer que juntando estas razões ao trailer estava com alguma expectativa em relação a este Lucy. O alerta começou logo quando as críticas que iam surgindo (da especialidade e de amigos com os quais partilho gostos) não eram nada favoráveis. Como não gosto de deixar o crédito por mãos alheias, ainda assim quis ir ver.
O filme até nem começa mal, tirando um outro pormenor, principalmente umas cenas inseridas dentro de outras que achava um pouco óbvias e descabidas. Mas, talvez o sorriso de Scarlett, talvez as cores, talvez algum virtuosismo na realização, ia me deliciando aqui e acolá. Não achava que estava a ver nada de extraordinário mas, declaradamente, também nada tão mau como aquilo que me tinham descrito.
Tenho uma teoria (que provavelmente foi roubada a alguém): só saberei se gosto de uma história quando esta chega ao fim. Um escritor, um realizador, um desenhista, quando propõe-se a nos dar um pedaço da sua arte fá-lo recorrendo à arte de contar uma história. O problema deste Lucy é, para mim, exactamente esse. O final não está à altura do contexto maior que a vida que Besson construiu. O que poderia ser uma viagem metafísica metida no meio de um filme de ação (vejam o primeiro Matrix) acaba por oferecer pouco mais que filosofia de pacotilha. Parece que Besson não soube o que fazer com o argumento que ele próprio construiu. Edifica, edifica, edifica e acaba o telhado com alumínio manhoso.
Tudo parece uma incrível oportunidade perdida. Os atores são bons. O realizador, apesar de inconstante, já deu provas ao fazer coisas muito boas. Os efeitos especiais são bem interessantes (ainda que algumas das perseguições de carro parecem esforçar-se demais). O vilão é o excelente ator do maravilhoso Oldboy. Mas tudo parece saber a muito pouco, quando comparado com a promessa que construímos na nossa cabeça. A culpa será nossa? Sinceramente, acho que não. Porque Besson promete muito e entrega pouco.
Ainda assim, estava à espera de pior.
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