Confesso não me lembrar de ter visto, pelo menos de uma
ponta à outra, o celebrado Feiticeiro de Oz
de 1939, filme emblemático na história do cinema. Portanto, dirigi-me
relativamente virgem para esta nova versão/prequela do universo criado por L. Frank Baum, apenas munido das imagens
pouco definidas do original e de algumas referências da terra de Oz vindas de séries
de TV como Once Upon a Time ou da BD
Fables. O preconceito sempre me
inclinou para uma excessiva infantilidade da fantasia pintada neste mundo imaginário
mas, ainda assim, Sam Raimi, realizador
conhecido pela melhor versão cinematográfica do Homem-Aranha e pelos excelentes
filmes de terror Evil Dead, tem
reputação suficiente para que eu dê o benefício da dúvida.
Oz segue a mesma estrutura “inventada” pelo filme original,
dividindo o mundo real, a preto e branco, e o mundo de Oz, de cenários de cores
garridas e primárias. A primeira impressão do mundo fantástico confesso ter-me
deixado um pouco insatisfeito, pelos preconceitos que disse, mas, às páginas
tantas, algo muda na narrativa de Sam
Raimi que, ainda que continuando a tentar apelar a todas as idades, esforça-se
por esgravatar mais fundo, acabando por deixar respirar uma história
limpa, bem estrutura e enternecedora. Isto sem uma única canção (a
não ser num pequeno momento hilário, recompensador para aqueles que, como eu,
não suportam musicais).
Acaba por afirmar-se como um blockbuster que não apela somente ao mais baixo denominador comum e entrega
prestações sólidas dos atores. Mila Kunis
torna-se num personagem bastante relevante na mitologia oziana e, numa cena particularmente
inspirada, quando conhece o personagem de James
Franco, o Oz do título, emula os gestos e maneirismos das milhentas princesas
Disney de olhos grandes, mesmerizados
pelo primeiro vislumbre do Príncipe Encantado. Outros momentos
divertidos envolvem novamente James
Franco e os seus dois companheiros de viagem pela estrada de tijolos
amarelos, o macaco voador e a rapariga de porcelana.
Oz é um espectáculo visual de efeitos especiais e cenários
computadorizados, muitas vezes ao ponto de parecer um jogo de computador, aliás
um defeito de muitos filmes hoje em dia (vejam por exemplo o recente Hobbit), mas por detrás deste carnaval
existe um coração forte e um especial elogio ao cinema e à arte do “desenrasca”,
que muitas vezes caracteriza o engenho humano.
A ver!
3 comentários:
Acho que é também muito importante referir a opção estética do realizador, que foi buscar uma "escrita de câmara" mais "retro": close-ups sobre expressões muito enfatizadas dos atores, travelligs picados... um estilo mais datado, mas que leva-nos de volta a OZ.
O filme tem grandes momentos Mila Kunis é engraçado e seu elenco é grande
Obrigado pelo comentário. Sim, é um filme que tem alguns momentos bastante giros. Vamos ver se haverá continuação.
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