Eu cá... acho que acho que não se lê o suficiente! Prosa, Banda Desenhada, Poesia, Teatro, em suma, a infinitude de formatos em que nos é dada a palavra escrita. Estava noutro dia mais 3 amigos (dois dos quais vocês até já devem conhecer) num belíssimo restaurante italiano, o “Mezzogiorno” (não passo a publicidade, sublinha-a mesmo) e um deles perguntou: “Que livros andam a ler?”. A pergunta não é comum nos dias que correm. É mesmo tristemente ausente das mais triviais das conversas. “Que filme é que viram?”. “Ouviram aquele álbum novo dos Rosa Choque de Porão?”. Mas livros? Pouco. Nada. O deserto.
O. Deserto.
Vai daí: Pilha de Livros.
Assim, apresento-vos o que ando a ler, ou melhor, a demorar a ler neste dias que correm.
Capitão América de Ed Brubaker, Steve Epting et tal (Omnibus)
Tenho que começar por aqui. É BD, a minha arte favorita. Encomendei directamente dos EUA a versão em formato “Omnibus”, um tijolo contendo os 25 primeiros capítulos desta saga de Brubaker. Aquela onde este primeiro volume até acaba na muita publicitada morte do Capitão América. Todos os elementos que fazem uma boa historia de espionagem, terrorismo, contra-terrorismo, heroísmo, estão aqui. Sem defraudar e sem cansar (a não ser que consideremos o peso do tijolo). Leitura divertida, descontraída e rápida. E o segundo volume promete mais e melhor do mesmo.
Kyoto de Yusanari Kawabata
Depois de “Terra de neve” tive de voltar ao universo diáfano e delicado de Kawabata, enquanto me delicia com retratos subtis das mulheres da sociedade japonesa, um mundo à parte deste nosso hoje. É a história de Geiko, uma jovem de 20 anos abandonada à nascença pelos pais e adoptada por um casal de comerciantes de Kyoto. Mas em breve Geiko encontra alguém do passado.
Na discreta e natural descrição de uma árvore na primeira página do livro, Kawabata retrata de maneira poética a temática de todo o livro, provando que para entrar neste seu universo é necessário parar em cada palavra e não a esquecer, porque tudo é uma tapeçaria cheia de propósito.
Ilíada de Homero, tradução do grego clássico por Francisco Lourenço, editado pela Livros Cotovia
Este é uma vergonha pessoal. Já li, há vários anos atrás, a versão editada pela Europa América. Comprei esta edição e há muito que estou parado na entrada do Canto III (a enumeração, no final do Canto II, nome a nome a nome, de todos os guerreiros Helénicos, desafia muito a minha paciência). Prometo retomar.
Que dizer de um livro que é nada mais nada menos que o primeiro da nossa civilização ocidental? Tudo já foi dito e redito. Apenas posso afirmar que a tradução é exemplar e há muito devida a este nosso jardim à beira mar plantado.
Leitura. Mais. Que. Essencial. É. Obrigatória (mas podem passar por cima da enumeração de todos os guerreiros gregos no final do Canto II).
Deixo-vos com as melhores palavras da editora:
“A Ilíada, primeiro livro da literatura europeia, terá surgido no século VIII a.C., no fim de uma longa tradição épica oral; extraordinário canto de sangue e lágrimas, em que os próprios deuses são feridos e os cavalos do maior herói choram, este poema de guerra em 24 cantos mantém inalterada a sua capacidade esmagadora de comover e perturbar. O título remete imediatamente para Ílio ou Ílion – Tróia – e, embora tivesse sido possível, num poema com 16.000 versos, narrar toda a guerra de Tróia, Homero isola um período de pouco mais de cinquenta dias, já na fase final das hostilidades, do qual nos descreve, em termos de acção efectivamente narrada, catorze dias. Concentra, assim, simbolicamente uma guerra de dez anos em duas semanas. Repetindo a proeza alcançada com a sua magnífica Odisseia, Frederico Lourenço oferece-nos agora a primeira tradução integral portuguesa, em verso, desta obra máxima da literatura mundial."
Terra Inferno I – La Montaigne qui Rêve de Fighera e Biagini
Acabei de comprar. O pouco que sei é do resumo na contra-capa e de dar uma olhada nas 4 ou 5 primeiras páginas. Um monstro lovecraftiano invadiu Londres em 1924, um monstro que viria a ser apropriadamente conhecido como o “Deus-Montanha”. A humanidade caiu em desarranjo, em violência, enquanto horríveis mutações a devassam e barbarizam. Dez anos mais tarde a profecia do acordar do “Deus Montanha” permanece como uma espada de Damocles sobre todos.
O resto? Eu também espero para ver.
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